Os efeitos para o PSD/Sintra da luta fratricida que levou à cisão de 2012, foram devastadores para a estrutura e para a influência do partido, mas o anúncio da sua morte foi manifestamente exagerado. Depois da derrocada, da natural desorientação e debandada – o cimento do Poder era pouco para segurar militantes que só o são quando há benesses –, a estratégia adoptada de arejar a Comissão Política, abrindo-a a elementos que não estiveram no epicentro da cisão, assim como a novos quadros vindos da JSD, foram alterando, paulatinamente, o rumo e a prática política. Por outro lado, a cumplicidade e camaradagem, gerada por anos e militância no mesmo partido, cedo permitiu, por exemplo nas freguesias, o trabalho conjunto, mas não publicitado, com o Movimento Sintrenses com Marco Almeida(MSCM). Esta conjugação não foi rejeitada pela nova Direcção, que, pelo contrário, prudentemente, a incentivou, ao mesmo tempo que a nível distrital, com reflexos nos organismos nacionais, ia apresentando argumentos para esbater o clima de crispação PSD/MSCM.
De realçar no traçar destas novas directrizes que tinham/têm como objectivo central a reconstrução do PSD/Sintra e o regresso à influência no concelho, o papel da actual Presidente da Comissão Política, Paula Neves, que, com o seu perfil discreto e a alegada inexperiência política para o cargo– na altura da sua eleição não faltou quem lhe pressagiasse um papel meramente decorativo…- , tem contribuído para lançar as bases do renascimento do PSD, na base do bom-senso, do saber ouvir e saber dialogar e ainda não caindo no erro de hostilizar, pelo contrário, mantendo por perto, embora afastados dos contactos directos com o MSCM, quadros que estiveram no epicentro da luta fratricida de 2012 (na realidade, começada uns anos antes). Paula Neves e o seu inner circle, sabe(m) que, a apresentação por parte do PSD de uma candidatura própria em Sintra às próximas eleições autárquicas, seria um erro que levaria o partido a mais quatro anos de afastamento do Poder, e ao risco de uma “pasokização” por tempo indeterminado. O apoio a Marco Almeida, dá tempo a acertos e consolidação da estratégia seguida – o esvaziamento do MSCM faz parte, não declarada, da estratégia -, e deixa espaço aberto para que, em 2021, “a carta” possa saltar do baralho…
Neste quadro, que nas próximas autárquicas, beneficia a candidatura de Marco Almeida e o PSD – o partido já declarou o seu apoio à candidatura do independente, sendo impossível contabilizar os votos em cada umas das formações que o apoiam-, permanecem questões por resolver que, curiosamente, vão/estão(a) exigir negociações duras e um bom entendimento Marco Almeida-Paula Neves. Primeiro, no desbloquear do apoio do CDS, ou de alguns militantes deste partido – não sei se os mesmos que, com a cumplicidade do PS, passaram ao jornal online “sintranotícias” a possibilidade do CDS ter, com Teresa Caeiro, uma candidatura própria. Depois, elencar as listas tendo em conta a proporcionalidade do actual peso político de cada formação e as raízes históricas no concelho. Por fim, encontrar “o caminho das pedras” para lidar com a política autista de Passos Coelho. Esta última das resumidas questões, será sem dúvida uma grande pedra no sapato, da candidatura do independente Marco Almeida se quiser apresentar uma candidatura ideologicamente transversal, nomeadamente ir buscar votos a eleitores que não se reviam, nem se revêm, no candidato indicado pelo PS.
João de Mello Alvim # blog Três Parágrafos
Tenho por hábito e prazer ler os seus textos, sempre bastante pertinentes.
Este é mais um sobre a realidade política de Sintra mas, desta vez, menos perspicaz que os anteriores.
Na minha opinião, obviamente.
Ficam aqui alguns pontos parcialmente divergentes da sua leitura.
Ao contrário do que parece dizer, Paula Neves teve um papel activo e interessado na fractura no PSD de Sintra, com a defesa dum candidato-para-quedista (Pedro Pinto) contra o candidato natural (Marco Almeida) em 2013 e depois na perseguição e expulsão de dezenas de militantes dissidentes.
De resto a oposição da Paula Neves a Marco Almeida é até muito anterior à formação da concelhia de Sintra, já assim era no tempo das cinco secções do PSD… quando os presidentes de quatro delas se reuniam para conspirar contra o outro, precisamente Marco Almeida. Motivo? Inveja pura e dura do trabalho do PSD de Agualva/Cacém e da influência de Marco Almeida junto de Fernando Seara, de quem foi Vice durante 12 anos.
Depois, quando, com outros dirigentes de Sintra e por represália, exigia a Fernando Seara a destituição de Marco Almeida de Vice-Presidente quando este, depois de vetado pelo PSD distrital/nacional, assumiu que seria candidato independente em 2013, ao que Seara simplesmente fez um manguito!
Daí para cá a história é mais conhecida: os dois vereadores eleitos pelo PSD aceitaram servir de muleta ao PS de Basílio Horta, em defesa dos seus empregos próprios e contra os eleitos Independentes.
No dizer de Rui Pereira (PS/Sintra): foi fácil porque o PSD de Sintra é barato! (sic)
De facto… limitado a pelouros meramente funcionais e sem qualquer importância política ou social, mas garantia de alguns empregos para os “boys and gilrs” e salário certo ao dia 25…
A história recente, não pública, conta coisas diferentes duma líder empenhada em sarar ferias antigas no PSD de Sintra.
Paula Neves e os seus, não estão com Marco Almeida, não estiveram antes, nem estarão no futuro!
Estiveram contra a sua escolha em 2017 e tudo fizeram para o impedir, nomeadamente defendendo junto da Distrital que tinha que ouvir a estrutura local (leia-se Paula Neves e o seu sindicato de votos). Paula Neves teve como resposta: serão ouvidos como foram em 2011.
Recordemos que em 2011 a Concelhia do PSD/Sintra, bem como a JSD/Sintra aprovaram por unanimidade a candidatura de Marco Almeida, nessa altura inviabilizada pelas movimentações internas de Luís Patrício, Rui Pinto e Paula Neves junto da distrital… após a demissão da Concelhia de Sintra em apoio a Marco Almeida.
O que mudou não foi a política do PSD/Sintra, nem que seja porque a sua chefe não consegue distinguir a social-democracia duma forma para tortas…
O que mudou foi a estratégia autárquica nacional do PSD e o reconhecimento de erros cometidos em Sintra e noutros municípios do pais, na escolha dos candidatos em 2013.
Marco Almeida vai com o apoio do PSD/Distrital/Nacional e a resignação do PSD/Sintra, que ainda agora tenta meter “pauzinhos na engrenagem” atirando para a praça pública pretensos nº 1 à Assembleia Municipal e algumas freguesias… como ainda há poucos meses andava a brincar às sondagens para “escolher” o candidato à CMS.
Finalmente e sobre a ausência do CDS da coligação.
Mais uma vez aqui o PSD parece ser o verdadeiro problema e responsável.
Se atendermos aos resultados eleitorais PSD/CDS versus CDU em 2013, teremos que concluir que sem o CDS a votação no PSD só daria para eleger UM vereador à semelhança da CDU.
Em rigor, depois de 12 anos no poder municipal, hoje o PSD é apenas a 4ª força política do concelho, atrás da CDU em votos e em eleitos, graças à gestão política desastrosa em 2013.
Em 2013, Paula Neves era a 4ª na lista à CMS.
Quando na saída imediata do para-quedista Pedro Pinto, não foi o 3º da lista a ocupar o seu lugar por ser do CDS, chegou a vereadora, deixando de fora o parceiro de coligação que respondeu separando-se da coligação na Assembleia Municipal, coisa que não tinha acontecido nos 12 anos anteriores.
E agora em 2017?
Se a composição das listas tiver como regra a votação de 2013, mandaria a ética política que o CDS, que garantiu a eleição do 2º vereador do PSD em 2013, tivesse agora um candidato em lugar elegível.
Mas não acredito que o PSD tenha a nobreza de reconhecer e ceder um lugar ao CDS.
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Obrigado pelo seu contributo. Só com pontos de vista variados podemos encontrar e ajudar a encontrar a aproximações à verdade.
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Em tempo: não quer colocar o seu comentário no facebook dos Três Parágrafos? Ou do Transferidor de Sintra? Ou nos dois? Terão mais leitores do que no blog – embora esteja surpreendido com a adesão, já que os blogues passaram um pouco de moda.Mesmo assim prefiro-os por ser mais fácil a consulta e não entrarem no vórtice do facebook.
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Boa tarde, obrigado pelo convite mas não tenho página de facebook.
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